Dia 04 de novembro estive participando de um evento na Universidade Estadual do Norte do Paraná, campus Jacarezinho, o evento intitulado Mulheres na Filosofia abordava a exclusão das mulheres na formulação do pensamento hegemônico, assim como a maneira misógina a partir da qual os filósofos historicamente as retrataram. No dia 11/11, participei do evento organizado pelo diretório acadêmico da Filosofia da UNISINOS, em São Leopoldo, Imagens de Gênero: vieses na Filosofia, trazendo novamente à baila a desconsideração do pensamento feminino e feminista na história da filosofia. Hoje, 21/11, acontece a III Jornada do Grupo de Escrita Mulheres na Filosofia. O Grupo visa debater com mulheres produções de mulheres, e a jornada efetiva a proposta através da apresentação dos trabalhos que vem sendo realizados por filósofas, e de sua arguição por outras filósofas, efetivando uma das características mais peculiares da Filosofia, que é o livre debate de ideias e a formulação de argumentos e contra-argumentos às teses defendidas. O evento acontece na UFMT, em Cuiabá, mas muitas das participantes irão realizar suas contribuições remotamente. A crescente de eventos com a temática da presença das mulheres na filosofia vem como denúncia e como resistência: somos mulheres, somos pensadoras, somos filósofas e nossa voz e produção importa!
A professora Carolina de Araújo, da UFRJ, realizou uma pesquisa sobre a presença das mulheres na filosofia. Em 2015, dos 3652 estudantes de mestrado e doutorado no Brasil, apenas 28,45% eram mulheres. Os números diminuem em relação às docentes permanentes, apenas 20,94% são mulheres. É preciso questionar: o que afasta as mulheres da Filosofia? Claro que temos boas hipóteses! Alguns dos maiores pensadores eram misóginos declarados. Aristóteles afirmava que as mulheres não eram racionais, Kant que careciam de personalidade civil, Rousseau defendia que a educação das mulheres deveria ser voltada para servir aos homens. Nietszche e Schopenhauer são conhecidos pelas frases depreciativas em relação às mulheres. Além disso, desde a infância ouvimos que somos demasiado emotivas, e que racionalidade e objetividade é coisa de homem. Sendo estas características centrais do pensamento filosófico hegemônico, não fica difícil entender porque as mulheres sentem que a filosofia não é um espaço para elas. E, mesmo que superadas essas barreiras, no decorrer da formação outras surgem, como impeditivos de sua permanência. O testemunho das mulheres é seguidamente ignorado, e elas são mais interrompidas do que os homens quando tentam se expressar, tudo isso dificulta sua permanência em um espaço onde a exposição de argumentos e o debate é central.
Entretanto, vemos que há organização por parte das filósofas para alterar essa realidade. Eventos e temáticas sobre o tema, organizações que priorizam produções de/para/por mulheres. Recentemente, ocorreu a criação da Rede Brasileira de Mulheres Filósofas, um grande passo na consolidação do trabalho de mulheres na filosofia. Estamos corrigindo o apagamento histórico que sofremos, e não há retorno. Sempre houveram pensadoras, e se você não as vê nos livros é porque quem conta a história são os homens. Mas, já estamos corrigindo esse problema! Filosofia é coisa de Mulher! Filosofia é substantivo feminino!
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