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Foto do escritorGraziela Rinaldi da Rosa

Nísia Floresta: uma pensadora brasileira do século XIX

Atualizado: 6 de jun. de 2021

Nísia Floresta (1810-1885) é sem dúvida uma filósofa brasileira. Autodidata, escreveu diversas obras traduzidas para diferentes idiomas. Defendia a capacidade racional das mulheres, deixando explicitado em seus escritos um ideário de emancipação feminina de oposição ao patriarcado. —

— Em um ambiente que negava a atuação civil das mulheres, Floresta conseguiu perturbar algumas pessoas, desestabilizar alguns discursos e até nossos dias nos surpreende com a magnitude de suas reflexões e sua atuação como intelectual numa época em que as mulheres não tinham acesso a uma educação no Brasil, que as incentivassem à ocupar espaços públicos e atuar na sociedade.

— —Floresta também é um marco na história do pensamento pedagógico brasileiro, na medida em que colocou na pauta dos problemas sociais brasileiros, a problemática da educação das meninas. Na filosofia de educação nisiana, fica claro que ela acreditava que o acesso à educação serviria para que os homens reprovassem menos as mulheres, e elas ocupassem melhores cargos, e que o progresso da humanidade estaria ligado à educação das mulheres.

Os homens não podendo negar que nós somos criaturas racionais, querem provar-nos a sua opinião absurda, e os tratamentos injustos que recebemos, por uma condescendência cega às suas vontades; eu espero, entretanto, que as mulheres de bom senso se empenharão em fazer conhecer que elas merecem um melhor tratamento e não se submeterão servilmente a um orgulho tão mal fundado (FLORESTA, 1989. p.41).

A partir de sete de suas obras foi possível compreender e escrever uma tese que apresenta o pensamento filosófico de Nísia Floresta, do ponto de vista educacional. As obras Máximas e Pensamentos (1842); Conselhos à minha filha (1842); —Discurso que às suas educandas dirigiu Nísia Floresta Brasileira Augusta (1847); Fany ou o modelo das donzelas (1847); Opúsculo Humanitário (1853); A Mulher (1859) e Um passeio ao Jardim de Luxemburgo, nos ajudam a compreendem sua concepção de educação, bem como seu pensamento filosófico.




Podemos dizer que a proposta educacional de Nísia Floresta possui uma relação intrínseca com o progresso social, pois essa pensadora acreditava no papel social das mulheres e no exercício de sua cidadania. Floresta (1997) colocava a mulher na condição de ser capaz de melhorar a sociedade, com a simples prática de suas virtudes. —Estando a família bem estruturada, haveria progresso na sociedade. —Essa “melhoria social” se daria a partir do seu papel de mãe virtuosa e “matrona esclarecida” e porque as mulheres influenciariam seus homens e filhos (as) a terem uma vida também virtuosa.

Além de realizar importantes críticas ao ensino da época, bem como a forma que as escolas eram pensadas e administradas, sua filosofia da educação, foi também pautada nas virtudes morais que Nísia acreditava ser importante para as meninas e mulheres, e que ela ensinava para sua filha e para suas educandas.

—Floresta defendia a capacidade racional das mulheres.— Seus escritos tem ideário de emancipação feminina de oposição ao patriarcado. —Num ambiente que negava a atuação civil das mulheres, ela conseguiu perturbar algumas pessoas, desestabilizar alguns discursos machistas e patriarcais.—

—Até hoje só se tem tratado superficialmente da diferença dos dois sexos. Todavia os homens arrastados pelo costume, prejuízo e interesse, sempre tiveram muita certeza em decidir a seu favor, porque a posse os colocava em estado de exercer a violência em lugar da justiça, e os homens de nosso tempo guiados por este exemplo, tomaram a mesma liberdade sem mais algum exame, em vez de (para julgar cordatamente se seu sexo recebeu da Natureza alguma preeminência real sobre o nosso) se terem despido inteiramente da parcialidade e interesse, e não se apoiarem sobre os “assim dizem”, em lugar da razão, principalmente sendo autores e ao mesmo tempo parte interessada (FLORESTA, 1989, p. 30).

— Floresta é um marco na história do pensamento filosófico e pedagógico brasileiro, na medida em que colocou na pauta dos problemas sociais brasileiros, a problemática da educação das meninas. —O acesso à educação serviria, entre outras coisas, para que os homens reprovassem menos as mulheres, e elas ocupassem melhores cargos.

—Enquanto publicava obras de cunho reivindicatório, ela desejava a melhoria da educação das meninas. —A menina se tornaria esclarecida, e aproveitaria os seus dons, a sua inteligência.

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Para conhecer mais o pensamento de Nísia, além de ler suas obras e realizar uma densa pesquisa histórico-bibligráfica, investigou-se acervos públicos e privados de biógrafas/os e pesquisadores/as e estudiosos/as dessa pensadora do século XIX, bem como os relatórios e falas presidenciais da Província (1835-1976); —mensagens dos presidentes e Governadores do RS (1835-1976), acervos de academias literárias, a Constituição de Leis do Império do Brasil (Acervo Câmara); —Cartas de Nísia com Augusto Comte (Publicada por Constância Duarte/ Editora Mulheres); —Certidões (Certidão de Batismo de Augusto Américo-1834); Certidão de óbito de Manoel Augusto; —Correspondências ativas e passivas dos encarregados de estatística (1827-1853)- Arquivo Histórico do RGS; Documentos no —Arquivo Histórico do RN; —Arquivo Histórico do RS (Guia de acervo e inventário sumário dos códices); —Acervo Memorial da Mulher (centro de referência, documentação e memória (Zelma Furtado), Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul- (Mapas e documentos de 1840-1985 (1ª Planta da Cidade de Porto Alegre)...


A Filosofia de Educação Nisiana dialoga com algumas ideias de Augusto Comte, especialmente da valorização das mulheres e o papel das mães. Assim, foi necessário conhecer e estudar sobre história do positivismo e a história do positivismo no Brasil, dialogando com obras sobre História da Educação e sobre história das mulheres nas letras, na educação e na Filosofia.


Além dos acervos de biógrafos/as, como Roberto Seidl (1933); Adauto Câmara (1941); Zélia Maria Bezerra Mariz (1982); Maria Simonetti Grilo (1989); e Constância Duarte, os estudos de mulheres, bem como os estudos feministas contribuíram para fundamentarmos UMA FILOSOFIA DE EDUCAÇÃO NISIANA.


— Floresta percebia a ciência como o dever das mulheres, para assim influenciarem a humanidade. —Ela deixou claro que era, pela ciência, que se conseguia a exatidão do pensamento, a pureza da expressão, a justeza das ações.

É um grande absurdo pretender que as ciências são inúteis às mulheres, pela razão de que elas são excluídas dos cargos públicos, único fim a que os homens se aplicam. A virtude e a felicidade são tão indispensáveis na vida privada, como na pública, e a ciência é um meio necessário para se alcançar uma e outra. ‘Entretanto, não será difícil provar que o conhecimento de nós mesmas e de outras coisas é absolutamente necessário para aumentar-nos a persuasão de nossas obrigações morais’ (FLORESTA, 1989, p. 51, grifo nosso).

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Buscou-se conhecer mais sobre as escolas fundadas por Nísia Floresta, pesquisando mapas e outros documentos arquitetônicos, como o Mapa arquitetal da cidade do RJ (Acervo pessoal de Constância Duarte), —a planta comercial de Porto Alegre, localizada no Instituto histórico do RGS. Foram realizadas entrevistas com integrantes das —Academias de letras (RS e RN), bem como leituras e pesquisas de —Palestras, Jornais da época e Revistas.


Impossível pesquisar sobre essa pensadora do século XIX sem viajar para sua cidade Natal, hoje chamada de Nísia Floresta/RS. Lá, além de banhar nas águas quentes e claras do Nordeste brasileiro, e ser acolhida por seus/suas conterrâneos potiguar, foi possível conhecer a —Igreja MATRIZ Nossa Senhora do Ó, bem como o Monsoléu de Nísia Floresta, e os acervos pessoais de pesquisadores/as.




—DUARTE, Constância Lima. A propósito deste livro. In: AUGUSTA, Nísia Floresta Brasileira. Direitos das mulheres e injustiça dos homens. Introdução e notas Constância Lima Duarte. São Paulo: Cortez, 1989. p. 15-20.

—______. A tradução. In: AUGUSTA, Nísia Floresta Brasileira. Direitos das mulheres e injustiça dos homens. Introdução e notas Constância Lima Duarte. São Paulo: Cortez, 1989b. p. 107-134.

—FLORESTA, Nísia. Opúsculo humanitário. Introdução e Notas de Peggy-Sharpe. São Paulo: Cortez, 1989.

—______. Direitos das mulheres e injustiça dos homens. Introdução e Notas de Constância Lima Duarte. São Paulo: Cortez, 1989b.

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Acompanhe hoje, dia 23 de outubro, às 20 horas o instagram de @aminasouza


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